User:Edunegrao

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Minha paixão pela música começou cedo, acho que aos quatro anos. Lembro de meu tio Mario me sentando em seu colo, e tentando me mostrar os instrumentos na orquestra: Dú olha só esse fagote... que lindo... agora entram as trompas... repare como ele repete o tema só com as cordas... olha só como a flauta dialoga com o oboé... eu não entendia nada, mas adorava a música! Minha mãe gostava muito de Chico Buarque, Elton John e Nina Simone. Meu pai gostava de Bach, Beethoven e Vivaldi. Eu gostava dos Saltimbancos, do Pica Pau Amarelo e do Toquinho e Vinicius.

Aos seis anos, eu ganhei um walkman/FM do meu pai e isso foi muito importante! A partir desse momento eu passei a escutar música no radio sem parar nem pra dormir, eu dormia escutando música. Varias vezes minha mãe vinha tirar os fones de ouvido comigo já dormindo. Lembro de como eu adorava Djavan, Milton, e Stevie Wonder, algo de diferente nessas vozes, já adivinhou?

Aos nove anos, eu vi na TV o Pepeu Gomes tocando sua guitarra elétrica com sua roupa prateada e ao seu lado a Baby, tão linda! Aí é que eu pensei, também quero fazer isso!

Meu primeiro contato com um instrumento foi com um violão emprestado de minha prima. Entrei na adolescência e veio o Rock: Black Sabbath, Iron Maiden... penei um pouco mas fui tirando de ouvido, e enquanto meu pai não me deu uma guitarra não dei sossego a ele. Ele teve sossego no meu aniversário de treze anos!

Fui estudar na Toque escola de música, com o professor e guitarrista de Jazz Macdonald Paris que me ensinou as primeiras escalas e progressões harmônicas; lá me apresentei pela primeira vez tocando Joana Francesa do Chico Buarque com uma banda só de adultos... foi um fiasco! Se dependesse desse dia para ser músico eu provavelmente seria um ótimo desenhista!

Com essa base e um pouco de esforço, fui me empenhando em estudar e fui tirando de ouvido tudo que eu gostava: Deep Purple, Rush, Yes, Rainbow, Saxon, Van Halen e todas essas bandas que todo mundo gosta aos quinze anos de idade. Também havia aqueles que eu gostava, mas não conseguia tirar: George Benson, John Maclaughlin, Paco de Lucia e Al di Meola. A coisa ficou feia quando começaram a aparecer os super guitarristas: Malmsteem, Vinnie Moore, Steve Vai e tantos outros; comecei a precisar ler as tablaturas, pois eram muito rápidos para o meu ouvido. Nessa época eu já começava a compor minhas primeiras músicas. Mas eu começava achar alguma coisa nisso tudo que me entediava um pouco: as harmonias, ou melhor, a ausência delas! Nessa mesma época o Al di Meola veio ao Brasil, e ao ver seu show pela televisão consegui tirar varias coisas diferentes, e isso foi muito importante pois me deu vontade de estudar mais música brasileira. Então comecei a ter aulas de violão com o Marivaldo. Foi quando apareceu o Stanley Jordam, e aí tudo mudou pra mim; ele tocava muito diferente de tudo que eu havia visto... o que era aquilo tudo afinal?

Aos dezessete anos de idade apareceu o IG&T e logo fui me matricular lá. No IG&T entrei no básico 1. Quando passei para o básico 2 participei de uma filmagem da TV Cultura sobre escolas de música como convidado do IG&T ; dividi a sala com Edu Ardanuy, Wander Taffo, Mozart Mello, André Christovan, Índio, Lelys e Faisca. Também participei de um concurso do IG&T no antigo Vitoria Pub tirando segundo lugar tocando Two-Hands (técnica usada pelo Stanley Jordam). Mas eu já sabia o que queria, queria ter aula com o professor de todos eles: o Mozart Mello. E foi o que aconteceu.

Com o Mozart Mello eu estudei durante três anos e aprendi toda a base que tenho hoje. Ele também me passou a afinação do Stanley Jordam (E, A, D, G, C, F) na qual toquei durante longos sete anos. Ele também começou a me preparar para ir estudar na Berklee (escola de música em Boston) e mesmo sem ele achar que eu estava pronto, fui.

Aos vinte anos cheguei na Berklee e lá tive aulas de: Ear Training, Arranging, Harmony, Jazz History, Sight Reading e Chord Progression com o Grande John Marasko, que foi muito atencioso comigo me colocando na frente da turma só por ser do "Brazil", terra de Toninho Horta... mas quem era Toninho Horta? Fiquei apenas quatro meses lá, mas foi fundamental para que voltasse amando o Jazz e a musica brasileira!

Chegando aqui tudo mudou, achei que minha história com música tinha acabado... Meu pai havia me arrumado um trabalho em Belo Horizonte e lá fui eu para Minas. Realmente eu deveria trabalhar e ganhar dinheiro com outras coisas, pensei. Praticamente parei de tocar. Trabalhava o dia todo como contato comercial em uma radio FM, só sobrando a noite para tocar, sair, namorar e ver TV. Mas uma coisa começou a acontecer : Eu chegava do trabalho tomava um banho escutando John Coltrane e começava a escrever sem parar... a inspiração era tanta que eu deixava um caderno na cabeceira da cama para anotar durante a noite.

Comprei todos os discos de música mineira que encontrei: Lô Borges, Beto Guedes, Toninho, Milton Sagrado Coração da Terra, Uakti e Juarez Moreira, que revelou-se um grande amigo e uma espécie de padrinho musical. Meu único contato com a música, além do Juarez e de meus amigos, era uma banda de Jazz e Bossa de uns amigos mais velhos que eu tocava uma vez por semana, e assim foram quase cinco anos. Em minhas anotações estavam quarenta músicas e quatrocentas frases, e isso tinha um peso em minha consciência; eu via aquela pilha de anotações só crescendo e eu sem tempo para estudar. Não agüentei!

Depois de um desentendimento, saí da rádio e fui correr atrás do meu sonho: ser músico.

Fiquei um ano meio perdido, sem trabalho e sem algo fixo, escutava Toninho Horta vinte cinco horas por dia e cheguei a chorar escutando sua música. Resolvi estudar novamente, mas percebi que estava na hora de voltar a afinação ao normal, só assim era possível tirar aquelas músicas mineiras tão lindas! Meu professor foi o Julinho Marques, professor de todos os meus amigos de BH. Com ele tive apenas quatro aulas.

Com meus amigos músicos montei uma banda, o "famoso" Surto Psicatto (Cris Vianna-baixo e vocal/Edu Macedo-violão/Pedro Portella-vocal/Paulinho Thomas-violino/Walkitor-percussão indiana/Wesley Maldonado-bateria), e alugamos uma casa para podermos ensaiar e dar umas aulas para complementar o orçamento. Um de meus colegas da banda, o violonista Dú Macedo, me convidou para uma aventura única: íamos viajar para um show do Toninho Horta em Uberlândia, mal sabia eu que aquele contato com meu ídolo ia ser decisivo. E foi, conhecer o Toninho foi muito importante, eu percebi que toda aquela sensibilidade que eu escutava nos discos dele estavam presentes de forma integral nele! Fomos conversando umas quatro horas direto sem parar. Também foi aí que eu conheci o Yuri, o Neném, a Lena e o Klif Kormam.

A aulas foram aumentando, os shows diminuindo e a escola começou a ficar séria. Assim surgiu a CASA AZUL Escola de Música. (ver texto Casa Azul). Na escola, durante três anos, eu e os outros professores ensinamos muitos jovens e aprendemos muito também. Ao mesmo tempo fui estudar com o maestro Edu Ribeiro um pouco de contra ponto harmônico e com o Celso Moreira (grande guitarrista irmão do Juarez). Lá na Escola montei um trio com o qual toco até hoje, o Napolitano (Puppa-bat/Luizin-Baixo). Infelizmente a Casa Azul não sobreviveu, mas cumpriu seu objetivo de ensinar a muitos um pouco de música.

Ao fechar a Escola, fui fazendo algumas gravações e shows enquanto estudava, agora com o Beto Lopes (guitarrista do Lô Borges,Beto Guedes e do Milton) e na Fundação de Educação Artistica, onde estudei solfejo com ostinato baseado em ritmos brasileiros, com Tereza Cristina, Guilherme Antonio, e com o grande Rubner de Abreu. Fui timidamente preparando meu CD. As músicas foram se auto-selecionando. Eu ia revendo algumas músicas antigas e colocando uma roupagem nova (re-harmonizando), e ao mesmo tempo iam pintando novas inspirações. (ver quadro do CD)

Depois de escolhidas as músicas, comecei a escrevê-las, o que não é uma tarefa fácil! Depois de escritas gravei uma pré em casa e mandei junto com as partituras para o Yuri fazer os arranjos. Escolhemos os músicos que iriam gravar e fomos para o estúdio Polifonia em BH. As bases ficaram prontas em uma semana. As melodias foram sendo colocadas, fomos convidando os solistas, e quase no final das gravações ficamos sabendo do PRÊMIO BDMG-INSTRUMENTAL - Edição 2002. Enviei um CD com três músicas e fui selecionado pelos jurados David Tygel, Maurício Maestro e Maria Bragança. Comemoramos ainda durante as gravações sem muitas expectativas. Já estávamos mixando quando participamos da final e ganhamos! Desta vez fomos escolhidos pelos jurados: José Domingos Raffaelli (O Globo), Carlos Calado (Folha de S.Paulo), Antônio Siuves (O Tempo), João Paulo Cunha (Estado de Minas), Patrícia Cassese (Hoje em Dia) e Toninho Horta. Isso injetou muito animo em meu trabalho. Acho que eu estava no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas!

Em meu CD tive o prazer e a honra de gravar com alguns dos meus maiores ídolos: Yuri Popof, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Juarez Moreira, Lena Horta, e Neném, um time de base impecável (Neném, Serginho Silva, Yuri e Kiko Continentino), e ainda grandes solistas como os próprios Yuri e Kiko, Chico Amaral, Ricardo Fiuza, e Paulo Márcio.

Gostaria de abrir um parêntese aqui, e falar sobre a participação do Yuri. Esse mineiro de Montes Claros, que é descendente de russo, além de um dos meus compositores prediletos é também um grande amigo. Seu trabalho como arranjador foi fundamental para transformar esse trabalho em um CD maravilhoso. Um abraço maestro!!! Outro parêntese pro meu amigo Juarez Moreira, que hoje pra mim é um norte no violão brasileiro, juntamente com Guinga e Toninho Horta. Valeu mestre!!! E para fechar os parênteses, com chave de ouro, o meu querido Hemir de França. O Hemir além de ser um super técnico(16 anos com o 14-Biss), soube tirar "O SOM"! Teve muita sabedoria e paciência, e fez com que cada nota do meu CD ficasse exatamente como eu queria. Valeu grande Hemir!!!

Após o CD ter ficado pronto, nos apresentamos (Kiko Continentino-piano/Neném-bat/Ivan Correa-baixo/Kleber Alves-Sax) em vários lugares, dentre os quais devo ressaltar o Teatro Isabella Hendrix, já como vencedor do prêmio BDMG e no festival de Jazz do Café com Letras, ao lado de grandes nomes da música instrumental.

Após dez anos em Minas, voltei para São Paulo no final de 2002. Aqui em São Paulo nos apresentamos no Teatro do Sesc Pompéia, ainda com a mesma formação, e também na Livraria Cultura e no Supremo Musical, já com a formação paulista: Michel Freidenson-piano, Zeli-baixo, Edu Ribeiro-bateria e Vitor Alcantara-sax.

Em 2003 fui jurado do Jovem Instrumentista BDMG - edição 2003, juntamente com Márcio Hallack e Flávio Henrique -Também vencedores do Prêmio BDMG-Instrumental.

Em fevereiro estive em Guaramiranga(Ceará) participando do Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga onde tive o prazer de tocar com músicos maravilhosos como Mazinho Ventura(baixo), Cacá Cólom(bateria), Renno Sarayva(teclados) e Antonio de Pádua(tropete), e foi uma experiéncia muito enriquecedora. O festival foi muito bem organizado e as pessoas muito receptivas. Foi a primeira vez que toquei com esses músicos e mesmo assim fomos classificados para tocar novamente em Fortaleza, aliás, como existem músicos bons nesse estado, destaques para o Renno e o Antonio e também Lú de Souza e Manacés, dois exelentes guitarristas. Também tive o prazer de conhecer e ouvir uma banda canadense de jazz o "Without Words", foi incrivel!